Perdemos a nossa humanidade ou estamos apenas cansados?

24/10 /2022

Perdemos a nossa humanidade ou estamos apenas cansados?

Discussões no trânsito que beiram a histeria, reações inflamadas para situações corriqueiras, isso para não citar a polarização política, que cria absurdos de todos os lados. 


Muitas vezes escutamos algumas pessoas justificando que estão cansadas ou estressadas. Parte disso é verdadeiro, afinal, dois anos de incertezas, mortes e tensão da pandemia afetaram a todos nós de alguma forma. É preciso, porém, que se faça uma ressalva: a vida real é cheia de desafios. Sempre foi. Sei que o momento está difícil, muito difícil. Mas isso te dá o direito de descarregar toda sua raiva, mágoa, insatisfação no outro? 


Não, não te dá o direito. Ninguém sabe o que o outro - ou você - está passando. E se você precisa contar que não está bem, não será através de ofensas gratuitas. Ninguém tem bola de cristal pra saber que teu momento está sendo complicado. O de todos nós está.


Conhecimento não serve para humilhar. Pelo contrário, conhecimento serve para compartilhar, crescer e desenvolver. Toda vez que vejo alguém usando do seu conhecimento para diminuir o outro, perde para mim, todo o sentido. 


E mais: dinheiro não compra elegância e não te dá o direito de olhar de cima pra baixo. Pelo contrário, te traz uma responsabilidade de ser mais humano e empata com quem está ao seu redor. 


É claro que às vezes nós perdemos disso. Um estouro que não precisava ter acontecido, uma palavra que não precisava ter sido dita. Mas é pra isso que servem a humildade, a gentileza. Pra voltar atrás. E sim, muito autoconhecimento pra se dar conta, caso contrário, estamos fadados a seguir anestesiados. Falo por mim, e talvez faça sentido pra ti também. 


Parece que estamos desconectados de nós mesmos, em alguns momentos. Onde estão nossa empatia, nossa gentileza, nosso amor? Em 25 anos lidando com desenvolvimento pessoal e treinamento, nunca vi tanta gente triste, esgotada, sem motivação. Sem saber para onde ir. “Onde isso vai parar?” é uma pergunta que ouço muito (e me faço muito, também). E vale pra tudo: saúde, relacionamentos, clima, política. A propósito: a você, que defende ideias e pessoas que mal conhece e acredita sem piscar, quero te contar um segredo: talvez você esteja defendendo algo que nem acredita - e terminando amizades e relacionamentos por conta disso, só porque não está conectado com sua essência. 


Não quero dizer que não há mais solução para nós, não quero dizer que não há gente boa por aí. Há, sim, e acredito, quero acreditar, que em maior número do que vemos. Mas há o cansaço, a exaustão e o medo de se posicionar. Não podemos mais viver com medo! 


Precisamos urgentemente de Amor. Não o amor inocente e alienado, como costumam definir, mas o Amor que defende seus ideais, que se posiciona sem pisar em ninguém. Precisamos de amor para sobreviver a tudo isso. Antes que percebamos que o poço não tem fundo. Antes que nos entreguemos e desistamos. 


Estamos, sim, cansados. Alguns de nós, revoltados, e com razão. Que esse cansaço, esse incômodo, nos inspire a não aceitar mais a falta de respeito, a falta de educação, a falta de humanidade. Mas sem destruir ninguém, sem ameaçar. Que a indignação que preenche a tantos de nós seja convertida em posicionamento amoroso, movimento certeiro, mãos dadas, humanidade na prática.


Tudo isso vai passar, sempre passa. Mas que não nos percamos no meio do caminho. 

Vem comigo? 

Lisiane Szeckir 


***Conteúdo autoral - ao compartilhar, lembre de dar os créditos!



*** Trabalho há 25 anos desenvolvendo pessoas para que sintam-se encorajadas a entregar o seu melhor para o mundo. Vem comigo! ***